Seguidores

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Insônia II...




Dormem as horas na noite.
Em meus pensamentos, vem a mim
um prematuro sussurro.
É você dizendo adeus à esperança ...
Aos nossos sonhos vencidos e inalcançáveis.

Insomnio II…

Duermen las horas en la noche.
En mis pensamientos me viene
un temprano susurro.
Eres tú diciendo adiós a la esperanza…
A nuestros sueños vencidos y inalcanzables.

(Adilson Shiva)

domingo, 20 de outubro de 2019

Panis et circenses ...




Olhar para a pobreza neste caos
é como andar pelas sombras ...
A vida dói, quando não há maneiras,
senão pão e circo...quando os há.
Ultimamente só circo!

(Adilson Shiva)

Panis et circenses…

Mirar a la pobreza en este caos
es como caminar en las sombras ...
La vida duele cuando no hay maneras,
sino pan y circos ... cuando los hay.
¡Últimamente solo circo!

(Adilson Shiva)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Era uma vez...



(Pela via do engano)

O que aconteceu com a folia,
agora que examinamos à ironia
desprovida da verdade,
sintoma do abandono...
Não há salvação para os
não tolos ...

Era una vez…
(Por la vía del engaño)

Qué fue de la juerga,
ahora que examinamos a la ironía
desprovista de la verdad,
síntoma del abandono…
No hay salvación para los
no incautos…

(Adilson Shiva)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Regresso…



Volto a esse lugar,
marcas de passados outonos,
de pássaros sempre jovens,
de folhas que não envelhecem.
Recordações que silenciam a todos
meus versos ...

Regreso…

Vuelvo a ese lugar,
huellas de pasados otoños,
de pájaros siempre jóvenes,
de hojas que no envejecen.
Recuerdos que silencian todos
mis versos…

(Adilson Shiva)

sábado, 12 de outubro de 2019

Partidas...



Examinei a melancolia dos seus olhos.
Naquele instante, como uma ameaça
de eternidade, foi impossível
recuperar a palabra.

Por momentos, como se fossem os últimos,
Vivemos nossas tragédias antigas,
Fomos amados e destruídos ...
Inquieta-me o espírito, o verbo
partir ...

Partidas...

Examiné la melancolía de tus ojos.
En aquel instante, como una amenaza
de eternidad, fue imposible
recuperar la palabra.

Por instantes, como si fueran los últimos,
Vivemos nuestras tragedias antiguas,
Fuimos amados y destruidos…
Me inquieta el espíritu, el verbo
partir…

(Adilson Shiva) 

Meu tempo...



Meu tempo não conta horas...
Dedico-me às coisas simples em sua permanência
E sei que não serei eterno em teus lábios...

Mi tiempo...

Mi tiempo no cuenta horas ...
Me dedico a las cosas simples en su permanencia,
Y sé que no seré eterno en tus labios ...

(Adilson Shiva)

domingo, 29 de setembro de 2019

Uma conversa sobre a passagem ao ato...



Para começarmos, faremos uma breve distinção entre acting out e passagem ao ato.
Em ambos os casos, o sujeito vai construindo uma cena ou pelos menos atua no marco de uma cena.
Todavia, no acting out identificamos uma mostração, uma mostração desafiante frente ao Outro desfalecente, o Outro que falha. Falha em quê? Falha como suporte, como leitor e interpretante do desejo do sujeito. Este, por sua vez, ao não conseguir fazer-se reconhecer no seu desejo, mostra-o mediante uma ação, e o faz, porque falha a articulação significante e o objeto resto dessa articulação é mostrado numa cena no real.
Lembremos da crítica de Lacan em “A Direção do Tratamento...” do caso apresentado por Ernest Kris que é conhecido como “O homem dos miolos frescos”, o paciente sai da sessão e vai “comer miolos frescos”.
É importante essa diferença entre o acting out e a passagem ao ato, porque o sujeito não se identifica com o objeto, mostra-o numa ação através de uma cena no real. Há uma falha na estruturação fantasmática, uma falha na articulação significante e isso é o que se manifesta na mostração. Esse será o nosso ponto de partida.
A passagem ao ato também é uma cena, relatada ou consumada; e neste momento eu quero esclarecer outra coisa. Se, o acting out é endereçado ao Outro, portanto reservado à estrutura neurótica, a passagem ao ato não. A passagem ao ato é verificável em todas as estruturas psicopatológicas.
Tal como no acting out, a passagem ao ato é uma cena, mas não é uma cena que surpreende, talvez na esquizofrenia algumas vezes, mas nem sempre. Ela chega ao analista de forma direta ou através de relatos e vai deixando pistas.
A passagem ao ato é anunciada, na neurose geralmente é anunciada, e é uma das coisas que também a diferencia do acting out onde o Outro é tomado pela surpresa da mostração.
Na passagem ao ato o sujeito se encontra com alguma coisa que pouco a pouco vai crescendo, numa velocidade variável em termos vitais. O sujeito, pouco a pouco, começa a se revelar em posições de identificação ao objeto dejeto.
Por essa via, a cena da passagem ao ato vai tomando cada vez mais e mais as instâncias da vida do sujeito. É uma cena que se desenrola e se configura num crescendo até a cessão brusca, o gatilho que é o ponto fatal do último ato, ponto de ruptura da cena.
Neste ponto de ruptura, a configuração da cena da passagem ao ato que foi se tornando progressiva já é absoluta, é total, e ao sujeito não resta outra opção senão rompê-la, rompe-a se identificando absolutamente a um dos elementos dessa cena, fazendo-a cessar. Contrário ao que se desenrola no acting out, onde o Outro é desfalecente e falho, aqui o Outro vai crescendo, se tornando absoluto.
Em geral, todos nós temos uma instancia ideal com a qual tratamos de nos identificar.
Na passagem ao ato esse ideal vai migrando para o lado do Outro e o sujeito vai se identificando com o objeto dejeto , perde seu suporte narcísico.
Isso vai chegando na clínica uma, duas vezes ...
É bom ficar atento, porque na passagem ao ato o sujeito se identifica com o objeto e sai bruscamente de cena.
(Adilson Shiva)

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Ilhas de distância...


Às vezes um poema é um dialeto de palavras
sobrevivendo a um pesadelo ...
Da mais antiga solidão.

Islas de distancia…

A veces un poema es un dialecto de palabras
sobreviviendo una pesadilla…
De la más temprana soledad.

(Adilson Shiva)

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Daquilo que sei...




Minhas lembranças habitam uma ilha,
Meus sonhos, terra firme.
O que resta de mim cai em letras,
versos, que se transformam em poesia...

As minhas paisagens são de estranhamento e espanto,
Cheias de mar e de tempo, de sopro, de vida e de vento...
Uma complexidade que transita entre o doce e o amargo,
Criando o novo, onde nada existia...

Meus devaneios me devolvem ao mundo...
E, penso no nada do tempo, quando recorro
Às tuas palavras, porque o coração
Não reconhece distâncias, se o que nos separa
É apenas “água”.

Por lo que sé...

Mis recuerdos habitan una isla
Mis sueños, tierra firme.
Lo que queda de mí cae en letras
Versos que se transforman en poesía...

Mis paisajes son de extrañeza y asombro,
Llenos de mar y tiempo, de aliento, de vida y de viento...
Una complejidad que va entre lo dulce y lo amargo,
Creando lo nuevo donde nada existía...

Mis devaneos me traen de vuelta al mundo...
Y, pienso en la nada del tiempo, cuando recurro
a tus palabras,
Porque el corazón no reconoce distancias,
Si lo que nos separa es solo "agua".

(Adilson Shiva)

sábado, 31 de agosto de 2019

Inocência...



(Série poemas perdidos)

Na doce rebeldia de tua voz,
Havia música que deslizava
com tuas palavras...
Era céu, mar e sonhos...

Não tão só sonhos, mas carinho
quando pedíamos ao mar,
Que nos livrasse da impiedosa
orfandade do amor.

Não me importam as ausências de ontem,
Mas o tempo é inexorável.
Passa Sem pausa, sem trégua e sem alívio.
E, ainda nos perguntamos:
Haverá uma brisa que resgate
nossa inocência?

Inocencia...
(Serie Poemas perdidos)

En la dulce rebeldía de tu voz,
Había música que se deslizaba
con tus palabras ...
Era cielo, mar y sueños...

No tan solo sueños, sino cariño
cuando le pedíamos  al mar,
Para liberarnos de la impiedosa
orfandad del amor.

No me importan las ausencias de ayer,
Pero el tiempo es inexorable.
Pasa sin pausa, sin respiro y sin alivio.
Y todavía nos preguntamos:
¿Habrá una brisa que rescate
nuestra inocencia?

(Adilson Shiva)