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quarta-feira, 22 de junho de 2011

A noite (revival)


Estavam ali,
Eram versos e prosas
Eu os li
Eram flores e rosas
Eu as vi
Era uma noite e;
A noite guarda seus mistérios,
Invade toda a rua,
As estradas e seus faróis
Mostra e esconde a lua,
Segredos sob os lençóis.
Noite de tudo cúmplice
Noite de silêncio vigilante
Noite dos descansados,
Das crendices...
Dos poetas
E seus amantes.
A noite guarda seus mistérios...
(©by Adilson S. Silva)

domingo, 12 de junho de 2011

Para dizer que não falei de amor

Quando é que o amor faz sentido?
Nos dramas vividos, ou
Nos sonhos nunca cumpridos?
O amor é loucura,
O ferro que fere
Um peito dorido
Ou o balsamo que cura?

O amor é tão distraído
Vai-se despercebido
Finge-se  de perdido
Mas, chorar de amor
É já ter sorrido...
(©by Adilson S. Silva)

Variações IV - Sem poesia


Escureceu
A poesia se escondeu
A lua não apareceu
E lá estava o poeta...
Caçando estrelas
Inventando versos
Para clarear o breu
Do solitário coração
De olhos fechados
Esperando bocas
Loucas para beijar

Nada aconteceu
Ela não apareceu
Não havia a luz
Era poeira e vento
Não se desfez o breu
Só pensamentos
O poeta, o dia
O ponto final
Na folha vazia
A poesia
Não aconteceu
(©by Adilson S. Silva)

domingo, 5 de junho de 2011

A boca da noite...

Anoitece,
A boca da noite
Logo vai surgir.

É a noite pura,
Que nos comparece,
Com sua boca enorme,
Pra nos engolir.
Quanto mais adentra a noite,
Mais ela inventa de nos consumir.
Bate saudade feito açoite,
Que faz pernoite,
Do peito não quer sair.

A boca da noite...
Já vem nos engolir...
(@by Adilson S. Silva)

Além do jardim

Além do jardim
Alecrim e jasmim
Esperam bem-me-quer
Ou margaridas afins
De um romance qualquer
E a rosa então
Se pintou e pintou
Com a cor da paixão
Num prelúdio sem fim
Com Dentes de leão
A devorar o que restou
De uma trama de amor
Dançando uma valsa
Ou um samba canção
(©by Adilson S. Silva)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sexualidade feminina e suas dificuldades

As elaborações tanto em Freud quanto em Lacan nos levam a compreender como a inscrição do feminino resta problemática. A sexualidade descoberta por Freud foi mal acolhida na cultura e acaba sendo acusada de pansexualismo. Curiosamente, um pansexualismo onde o outro sexo não se encontra em lugar algum.
No inconsciente decifrado por ele, Freud descobre  que o outro sexo não existe, não há pulsão genital no inconsciente. As pulsões  nada dizem sobre o macho ou fêmea, pois se  encontram tanto no menino quanto na menina e a  questão sobre o quê distingue a  essência da mulher permanece misteriosa. Freud se ocupara obstinadamente elaborando uma explicação sobre a heterossexualidade.
Falar em feminilidade é falar de uma conquista realizada pela menina, de um tornar-se mulher, visto que ela, menina, não nasce como tal. É preciso percorrer um caminho para que possa escolher ou não o caminho da feminilidade. Freud credita à mulher uma natureza pulsional passiva que encontraria na maternidade a melhor solução para a inveja do pênis.
Após a introdução da primazia do falo em 1923, Freud consegue marcar uma diferença entre o complexo de Édipo masculino e o feminino. A introdução da fase fálica levou-o a estabelecer um período pré-edípico para o Édipo feminino, além de três saídas para a menina frente à castração: a masculinidade (manter-se fálica), a neurose (o abandono da sexualidade) e a feminilidade propriamente dita (desejar o falo em forma de bebês) . Estes apontamentos servem para demonstrar que, mesmo Freud não tendo utilizado o termo 'falo' explicitamente, a referência fálica está lá inscrita. Lacan (1958) relembra que, na obra de Freud, qualquer que tenha sido o remanejamento teórico, a prevalência desse centro fálico jamais foi abandonada.
Mas, isso também nos leva a perceber que mesmo para Freud nem todas as mulheres são mulheres.
Mas, o que é a mulher?
Essa questão coloca, para a clínica psicanalítica, a feminilidade como um tema da maior importância.
Os fundamentos sobre a sexualidade, a construção do conceito do complexo de Édipo eas sucessivas aproximações de Freud a respeito da feminilidade levam Lacan a retomar a questão no seminário 20 – Mais Ainda. Enquanto pela via exclusiva de Freud, a questão dos sexos pode se fechar na anatomia como destino, em Lacan, ser homem ou ser mulher é uma distinção frente à castração e à modalidade de gozo.
Mas porque Lacan diz que a mulher não existe?
Esta afirmativa é sem dúvida uma das mais enigmáticas do ensino de Lacan. Esta frase só adquire seu significado dentro das premissas das formulas quânticas da sexuação. Os membros do conjunto mulher satisfazem à proposição de não existir ao menos uma mulher que não esteja submetida à castração. Por isto, Lacan diz que não há conjunto possível das mulheres e que elas devem ser sempre contadas uma a uma.
Sendo o conjunto universal fundado por uma exceção e não havendo exceção do lado feminino, é impossível, para o feminino, formar o universal do ponto de vista da função fálica. Por esta razão, a expressão 'A Mulher' com o artigo definido feminino para designar o conjunto universal d'A Mulher é inadmissível.
Falar da mulher, no campo freudo-lacaniano, não é referir-se ao masculino ou ao feminino como gênero, mas é apontar uma posição psíquica em que a castração ocupa um lugar importante. Esta posição psíquica marcada pela castração pode ser escutada pelo analista, médico, amante, etc, a partir de um discurso marcado por um mal-estar e, ao mesmo tempo, convocando aquele que o escuta a doar a palavra, o dinheiro, etc, que lhe falta. Dizer da posição psíquica feminina, em termos psicanalíticos, implica abordar a questão da sexuação pelo viés da linguagem e do gozo. Desta forma, entendemos que uma posição subjetiva feminina diz respeito a estar não toda submetida à égide do falo. Esta maneira difere dos conceitos, ou das representações sobre a feminilidade que, por sua vez, correspondem a uma “invenção” cultural, produções discursivas ou imaginárias que tentam dar contorno a este vazio próprio e estrutural da posição feminina, assumindo diferentes roupagens ao longo do tempo e produzindo possíveis deslocamentos e enodamentos.

                         (©by Adilson S. Silva)

domingo, 15 de maio de 2011

Variações III

Para que lado foi a vida
Depois que a tempestade passou
Devassou tudo
Só restou a solidão?
A dor comparece
De um amor desesperado
Dessas dores da paixão
Rodopia calada
Gira feito pião

Para que lado foi o beijo
Que faz com que tudo aconteça
Foi-se calado
Nas asas de uma ilusão
(©by Adilson S. Silva)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Paralelas

Guardei seu olhar
Em cada olhar
Que busco
Nessas questões paralelas
Sem conseguir decifrar
O amor que vem sempre visitar
O silencio que não sabe o que fazer
Com as palavras do olhar
Ou outra coisa qualquer
Que habita seus desejos
Insensatez
Tolice
Estupidez
Ou simplesmente círculos
Loucura
Tangente
Buscando o infinito
Dessas questões
Da solidão do olhar,
Um amor sem palavras
Só se dá na ...
Confusa paixão
(©by Adilson S. Silva)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Âncora

(Marcas do portugues na lingua)

O mar, beleza azul de poucas ondas a cavalgar
Às vezes manso e imenso às vezes rebelde e tão próximo
A praia vazia cabe inteira no meu olhar no seu olhar
Dois brincando de ondas sorvendo as brumas e maresia
Sento-me à sua frente sem desviar os olhos
E consigo enxergar na sua infinitude os sonhos
Os desejos escondidos, a fúria da passagem
Do seu corpo entregue a um bobo valete,
O trem passou rumo ao porto
A vida o deixa para trás no mais íntimo dos planos
Sem encurtar as minhas distâncias
  
(©by Adilson S. Silva)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Variações II

Risca o céu negrita
E o azul do mar
Eu guardei o amor
Para lhe entregar

Desenha o chão com giz
Sem se machucar
Mil vezes quis
Lhe visitar

Perdi o trem
Perdi a hora
O tempo foi-se
Num agora
E nas minhas estações
Guardei o amor
Para lhe dar

(©by Adilson S. Silva)

Geleiras distantes...

Geleiras distantes...

Vendavais,
Maremotos em oceanos,
Mudam as rotas
Desfazem-se planos,
Enganos, imagens

Virtuais,
Longas viagens,
Pelos mares,
Cheios de histórias
Das naus,
Que aportam em ti.
Mil chegadas,
Mil  partidas,
Mil despedidas.

Velhos sinais,
De um farol distante,
Luz dos navegantes,
Anjos caídos,
Perdidos,

Nesses Vendavais,
Dessas geleiras distantes,
Tormenta dos navegantes,
Sem destinos ou cais.

(©by Adilson S. Silva)

domingo, 8 de maio de 2011

Nada será como antes...


Nada será como antes
Nem a água do rio
Foram amigos, quê  importa?
O desejo não espera o cio
Amanhã talvez se esqueça
A não espera do tempo de estio
Haverão outras palavras
Para dizer o amor e o desvio?
Escapam o sentido da letra
O amado, o amor e o amante
Amanha talvez se esqueça
O sentido, o lugar e significante
É preciso que a dor adormeça
Nada será como antes
Amanhã talvez apareça
A palavra que falta ao amor
Um sentido que o mesmo mereça
E, nada será como antes ...

(©by Adilson S. Silva)