Para começarmos, faremos uma breve distinção entre acting out e passagem ao ato.
Em ambos os casos, o sujeito vai construindo uma cena ou pelos menos atua no marco de uma cena.
Todavia, no acting out identificamos uma mostração, uma mostração desafiante frente ao Outro desfalecente, o Outro que falha. Falha em quê? Falha como suporte, como leitor e interpretante do desejo do sujeito. Este, por sua vez, ao não conseguir fazer-se reconhecer no seu desejo, mostra-o mediante uma ação, e o faz, porque falha a articulação significante e o objeto resto dessa articulação é mostrado numa cena no real.
Lembremos da crítica de Lacan em “A Direção do Tratamento...” do caso apresentado por Ernest Kris que é conhecido como “O homem dos miolos frescos”, o paciente sai da sessão e vai “comer miolos frescos”.
É importante essa diferença entre o acting out e a passagem ao ato, porque o sujeito não se identifica com o objeto, mostra-o numa ação através de uma cena no real. Há uma falha na estruturação fantasmática, uma falha na articulação significante e isso é o que se manifesta na mostração. Esse será o nosso ponto de partida.
A passagem ao ato também é uma cena, relatada ou consumada; e neste momento eu quero esclarecer outra coisa. Se, o acting out é endereçado ao Outro, portanto reservado à estrutura neurótica, a passagem ao ato não. A passagem ao ato é verificável em todas as estruturas psicopatológicas.
Tal como no acting out, a passagem ao ato é uma cena, mas não é uma cena que surpreende, talvez na esquizofrenia algumas vezes, mas nem sempre. Ela chega ao analista de forma direta ou através de relatos e vai deixando pistas.
A passagem ao ato é anunciada, na neurose geralmente é anunciada, e é uma das coisas que também a diferencia do acting out onde o Outro é tomado pela surpresa da mostração.
Na passagem ao ato o sujeito se encontra com alguma coisa que pouco a pouco vai crescendo, numa velocidade variável em termos vitais. O sujeito, pouco a pouco, começa a se revelar em posições de identificação ao objeto dejeto.
Por essa via, a cena da passagem ao ato vai tomando cada vez mais e mais as instâncias da vida do sujeito. É uma cena que se desenrola e se configura num crescendo até a cessão brusca, o gatilho que é o ponto fatal do último ato, ponto de ruptura da cena.
Neste ponto de ruptura, a configuração da cena da passagem ao ato que foi se tornando progressiva já é absoluta, é total, e ao sujeito não resta outra opção senão rompê-la, rompe-a se identificando absolutamente a um dos elementos dessa cena, fazendo-a cessar. Contrário ao que se desenrola no acting out, onde o Outro é desfalecente e falho, aqui o Outro vai crescendo, se tornando absoluto.
Em geral, todos nós temos uma instancia ideal com a qual tratamos de nos identificar.
Na passagem ao ato esse ideal vai migrando para o lado do Outro e o sujeito vai se identificando com o objeto dejeto, perde seu suporte narcísico.
Isso vai chegando na clínica uma, duas vezes ...
É bom ficar atento, porque na passagem ao ato o sujeito se identifica com o objeto e sai bruscamente de cena.
(Adilson Shiva)
Em ambos os casos, o sujeito vai construindo uma cena ou pelos menos atua no marco de uma cena.
Todavia, no acting out identificamos uma mostração, uma mostração desafiante frente ao Outro desfalecente, o Outro que falha. Falha em quê? Falha como suporte, como leitor e interpretante do desejo do sujeito. Este, por sua vez, ao não conseguir fazer-se reconhecer no seu desejo, mostra-o mediante uma ação, e o faz, porque falha a articulação significante e o objeto resto dessa articulação é mostrado numa cena no real.
Lembremos da crítica de Lacan em “A Direção do Tratamento...” do caso apresentado por Ernest Kris que é conhecido como “O homem dos miolos frescos”, o paciente sai da sessão e vai “comer miolos frescos”.
É importante essa diferença entre o acting out e a passagem ao ato, porque o sujeito não se identifica com o objeto, mostra-o numa ação através de uma cena no real. Há uma falha na estruturação fantasmática, uma falha na articulação significante e isso é o que se manifesta na mostração. Esse será o nosso ponto de partida.
A passagem ao ato também é uma cena, relatada ou consumada; e neste momento eu quero esclarecer outra coisa. Se, o acting out é endereçado ao Outro, portanto reservado à estrutura neurótica, a passagem ao ato não. A passagem ao ato é verificável em todas as estruturas psicopatológicas.
Tal como no acting out, a passagem ao ato é uma cena, mas não é uma cena que surpreende, talvez na esquizofrenia algumas vezes, mas nem sempre. Ela chega ao analista de forma direta ou através de relatos e vai deixando pistas.
A passagem ao ato é anunciada, na neurose geralmente é anunciada, e é uma das coisas que também a diferencia do acting out onde o Outro é tomado pela surpresa da mostração.
Na passagem ao ato o sujeito se encontra com alguma coisa que pouco a pouco vai crescendo, numa velocidade variável em termos vitais. O sujeito, pouco a pouco, começa a se revelar em posições de identificação ao objeto dejeto.
Por essa via, a cena da passagem ao ato vai tomando cada vez mais e mais as instâncias da vida do sujeito. É uma cena que se desenrola e se configura num crescendo até a cessão brusca, o gatilho que é o ponto fatal do último ato, ponto de ruptura da cena.
Neste ponto de ruptura, a configuração da cena da passagem ao ato que foi se tornando progressiva já é absoluta, é total, e ao sujeito não resta outra opção senão rompê-la, rompe-a se identificando absolutamente a um dos elementos dessa cena, fazendo-a cessar. Contrário ao que se desenrola no acting out, onde o Outro é desfalecente e falho, aqui o Outro vai crescendo, se tornando absoluto.
Em geral, todos nós temos uma instancia ideal com a qual tratamos de nos identificar.
Na passagem ao ato esse ideal vai migrando para o lado do Outro e o sujeito vai se identificando com o objeto dejeto, perde seu suporte narcísico.
Isso vai chegando na clínica uma, duas vezes ...
É bom ficar atento, porque na passagem ao ato o sujeito se identifica com o objeto e sai bruscamente de cena.
(Adilson Shiva)
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